quarta-feira, 13 de março de 2013

DESPLANTE.DOC (BA)


Desplante= Ousadia descabida que tem como sinônimos: atrevimento, ousadia, abuso, petulância entre outros. 
Desplante.doc é uma performance que foi apresentada no Teatro Bruno Kiefer da CCMQ. Em seu texto de apresentação a performance é apresentada como espetáculo que parte da experiencia da artista Laura Pacheco em terras estrangeiras. 
No palco vemos uma proposta interdisciplinar, uma mistura entre dança, performance, vídeo e por que não teatro. As fronteiras entre as linguagens são borradas e mescladas, e o que vemos é nada mais que um apanhado de intensões abstratas.
Um dos significado da palavra desplante é ousadia descabida, e percebo o trabalho de Laura Pacheco justamente através deste viés, pois seu desplante.doc é ao mesmo tempo ousado em seus pressupostos, mas suas propostas não chegam a uma comunicação, tornando-se descabido, vazio, desinteressante sob o ponto de vista cênico. Quando digo que a proposta não comunica, não me remeto a proposta de contar uma história ou algo aristotélico, mas que suas experiencias de descolamentos pudessem realmente chegar ao espectador, afinal de contas todo o processo de compartilhamento é realizado num teatro, no palco dentro de determinadas convenções que não são quebradas. 
O momento em que mais pude me aproximar deste ambiente estranho foi justamente na projeção final, de um corpo vestido de vermelho dentro de uma atmosfera cinza, ali pude compartilhar com o corpo deslocado da artista, ali pude deslumbrar a relação entre o estranho e o familiar. 
Mas durante o espetáculo (pois em seu texto é apresentado assim) tudo é apresentado de forma fragmentada, elementos como o vídeo é utilizado em cena aberta, não sei se é a proposta, mas a forma desnudada como é feita as projeções são muito amadoras. O operador sobe ao palco a cada intervenção da artista, e isso incomoda, pois ele não interage com a performer em nenhum momento. Será que faz parte dos pressupostos da encenação ou é uma improvisação utilizada naquele dia? 
Signos são propostos e quase que instantaneamente são destruídos, não aprofundando a relação destes com a obra proposta. 
A cena do flamenco e do sapateado são bastante interessantes, onde a repetição e pulsação são molas propulsoras para que muitos significados subjetivos se desvelem para cada espectador, mas ficam isoladas com o todo da obra.
Textos interessantes são digitados e sugerem imagens e algumas frases projetadas na tela demonstram bem a proposta da obra como:
"e como dizer o que não se pode dizer" e são justamente estes textos que dão o tom de "Desplante.com", revelando a que veio esta obra que teve o financiamento do Prêmio Myrian Muniz.